Hoje vamos falar sobre o álcool, sua história, o uso abusivo, e seus impactos na pessoa e na sociedade.
Antes de falarmos da história se faz necessário conhecer a lei de entorpecentes do Brasil. A Lei 11.343/2006, a lei brasileira que Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD; ele prescreve medidas para prevenção do uso indevido, trabalha a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providencias,
A HISTÓRIA DA DROGA E SEU ABUSO
Como os meios de comunicação muitos falaram do movimento hippie dos anos 1960 e do boom da cocaína dos anos 1970, muitas pessoas acreditam que a questão da droga é recente, contemporânea. Na verdade, a droga é uma questão muito antiga, que se confunde com a própria história do homem.
Onde tudo começou? Na Pré-História.
Veja a descrição de uma experiência do homem das cavernas:
Um dia, após colher muitas frutas, ele as guardou num buraco na pedra, em frente à sua caverna. À noite, choveu e a água empoçou no buraco, dissolvendo a frutose das frutas. O vento e os insetos trouxeram levedos e fermentos que se depositaram naquela água com o açúcar e o sumo das frutas amassadas. Durante o dia, o Sol aqueceu aquele caldo e catalisou o processo de fermentação que transforma água em álcool. É um processo simples que o homem foi aperfeiçoando durante séculos. Algum tempo depois, o homem experimentou aquela bebida empoçada e gostou. Com criatividade, descobriu que frutas como uva, cana-de-açúcar etc. tinham o poder de fazer bebidas com maior teor alcoólico.
Num outro momento, após ter descoberto e dominado o fogo, inúmeras outras drogas e preparações foram incorporadas à sua cultura. Ele aquecia a água e fazia chás e infusões, extraindo princípios ativos farmacológicos das plantas, princípios esses não encontrados quando ele as comia cruas.
Com o domínio do fogo, esse homem histórico começou a buscar mais conforto. E um dia, após enrolar algumas folhas secas e colocar fogo numa das pontas do canudo e assoprar do outro lado, construiu um instrumento que, ao fazer fumaça, espantava insetos, mosquitos e pernilongos de sua caverna, permitindo-lhe um sono mais tranquilo. Com o tempo, além de assoprar a fumaça, produto da queima das folhas secas, passou também a fuma-la, ingeri-la e a controlá-la na garganta e nos pulmões. Tinha inventado o cigarro. E foi o início de uma história de problemas de saúde para a humanidade, dentro do que se chamou de “males previsíveis e evitáveis de agravos à saúde humana”, segundo a OMS.
Como se pode observar, a droga não é algo recente; pelo contrário, ela se confunde com a própria história da humanidade. Se o homem primitivo já conhecia os principais tipos de drogas, incluindo o álcool e o tabaco, o progresso da ciência tornou essas drogas muito mais poderosas. Se a bebida alcoólica feita no buraco em frente à caverna tinha cerca de 3 a 4% de álcool, a indústria de bebidas faz hoje a tequila mexicana, por exemplo, com cerca de 75 a 80% de concentração alcoólica. E faz uísques com cerca de 40% de álcool. E vinhos com 12%. Isso se traduz em mais danos sociais e ao organismo vivo.
Se, por um lado, o homem primitivo tinha conhecimento e acesso a essas drogas, ele também desenvolveu um controle social eficiente para evitar o seu abuso. Mas, ao longo do tempo, a sociedade perdeu esse controle social.
Necessitou-se, então, elaborar um controle jurídico, sob a forma de leis de restrição e controle do uso de drogas com potencial de abuso.
A HISTÓRIA DE SUA PREVENÇÃO NO BRASIL
Para se ter uma noção de como está a questão do uso e abuso de drogas no Brasil é realizado sistematicamente pesquisas pelo Centro de Estudos de Drogas da Universidade Santa Úrsula (RJ), a metodologia usada é a de
buscar em bancos de dados do governo federal (IBGE e Ministérios da Educação, Saúde e Justiça) e de Universidades e Centros de Pesquisa com o– Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas CEBRID – da Universidade Federal de São Paulo. Busca-se ainda entrevistas com chefes de grupos de pesquisa, especialistas, professores, pais, jovens dependentes e usuários de drogas. Os dados apurados são tabulados e analisados segundo metodologia da linguística (análise do conteúdo e análise do discurso), metáforas e teoria da argumentação e da psicologia social. Em seguida, o material catalogado é estudado sob o ponto de vista da Teoria da Representação Social. Vamos aqui citar por exemplo a droga de maior consumo.
Sistematicamente, o noticiário se concentra nos casos de cocaína, por vezes de maconha, raramente em outras drogas. E parece que drogas de abuso são apenas essas. No entanto, as pesquisas epidemiológicas mais sérias e frequentes no Brasil, as do CEBRID e do CEDUSU apontam uma infinidade de outras drogas de abuso, com destaque para o abuso de medicamentos e de álcool, principalmente em adolescentes.
Diante de todo esse cenário, autores vão apontar para a necessidade de se ter um olhar para o problema do ser humano. Existem criticas quando se fala: “o problema das drogas”, a droga não tem problema, temos problemas de ordem existenciais, profissionais, sexuais, afetivos, entre tantos outros, e a pessoa procura na droga, no álcool ou na violência uma forma de convivência, adaptação, rebeldia ou “solução” para esses problemas. Para fazer prevenção, intervenção e reinserção social é administrar os conflitos do ser humano.
DEPENDÊNCIA PSÍQUICA E FÍSICA
Quando se fala em dependência a drogas, as pessoas, em geral, categorizam a dependência mais pelo aspecto da “dependência física”: afinal, ela mexe com o corpo. Assim, o aspecto psicológico não é muito valorizado, e é considerado menos grave. Na verdade, as coisas não são assim. O que mantém a dependência física de alguém é a dependência psicológica.
O tratamento da dependência física pode ser feito entre dois e quinze dias, dependendo do caso, sem maiores problemas. É para desintoxicar o organismo, cuidar do aspecto nutricional e possíveis danos físicos, em geral, pouco graves, na maioria das vezes. Porém,o tratamento da dependência psicológica pode levar de alguns poucos meses a muitos anos, dependendo do caso.
A dependência psicológica vai lidar com o simbolismo da droga utilizada nas representações da vida do paciente. Enquanto a “memória do prazer da droga” ocupar espaço no consciente e no inconsciente da pessoa, ela vai se lembrar da droga e dos seus benefícios prazerosos e vai continuar a buscá-la. Isso é que mantém a dependência.